sábado, 28 de maio de 2011

Maldonado Nuevo/Uruguai

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Lode-Bar nunca mais.(2)

2 Samuel 4:4 “Era da idade de cinco anos quando de Jezreel chegaram as notícias da
morte de Saul e de Jônatas; então, sua ama o tomou e fugiu; sucedeu que, apressandose
ela a fugir, ele caiu e ficou manco. Seu nome era Mefibosete.”
Ferido pelo pavor da proteção
Ao saber da morte de seu avô e pai, sua ama entra em pânico. Por alguns segundos
relembra as desavenças entre Saul contra Davi. Conhecia o costume natural dos Reis
quando tomavam posse. Exterminava todo herdeiro homem da família do rei deposto.
Assim evitariam revoltas e insurgências. Tentativas de retomar o poder.
Sua ama só quer protegê-lo, porém está desesperada. Abraça Mefibosete e sai em uma
corrida frenética e desesperada. Sua coragem há de ser enaltecida, poderia ser morta
pelo novo rei. Porém está apegada a criança quer livrá-la da morte.
Nem conhecemos seu nome, mais sabemos que por amor arriscou sua vida para salvar
Mefibosete.
Aquela corrida frenética terminaria em tragédia. Definitivamente Mefibosete não era um
menino de sorte. A ama tropeça e cai sobre o corpo frágil daquela criança. Seus dois pés
foram quebrados na queda.
Imagine comigo as confusões que se evidenciavam na mente daquela criança. Apenas
cinco anos, sem pai, sem herança, fugitivo, seus dois pés quebrados...
Chorava e não era consolado
Sem pai, sem reino, sem ortopedista, sem anestésico, sem futuro...
Sem cuidados medicos, Mefibosete sobrevive em Lo-Debar, a terra do esquecimento.
Seus ossos calcificam completamente disformes, seus pés revelavam a anatomia do seu
fracasso.
Mefibosete não precisava olhar para um horizonte distante para conhecer sua dor.
Bastava apenas olhar para os pés e lembrar do seu desfavorecimento.
Cresceu esquecido, como se Deus não lembrasse dele. Era o retrato mais fiel de alguém
que nascendo agraciado, foi profundamente desfavorecido pela vida.
Você já se sentiu em Lo-Debar algum dia da sua vida?
Completamente desfavorecido e esquecido pelas pessoas que deviriam amá-lo? Algum
dia você já pensou: Nem Deus lembra de mim!
Então você conhece a anatomia do fracasso.
Mefibose assistiu a vida roubar a chance de ser Rei, de ter um pai, uma vida normal, de

Lode-Bar nunca mais.(1)

“Há ainda um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés”. II Sm 9.3b
Introdução
Hoje celebraremos a Ceia. Estava chorando quando lembrava das dores vivenciadas nas
últimas horas de Jesus aqui na terra. Fui de súbito tomado pelo Espírito Santo a entrar em
um texto e conhecer a graça de Deus.
Era este o tecido que Jesus tecia para substituir o tecido da lei, o tecido da graça. Jesus
me fez conhecer a anatomia do fracasso para depois mergulhar nos efeitos da graça
produzida por ele.
Para os meus, tenho rios de graça, me assegurou. Graça que muda a anatomia da vida!
Quero levar você ao texto que Jesus me mostrou para juntos conhecermos a anatomia
do fracasso.
1) Graça perdida
Imagino os dias da chegada de Mefibosete. Jônatas, seu pai, estava eufórico. Era o filho
tão sonhado que chegara. Futuro rei de Israel. Tomava a criança nos braço e elevando-a
ao céu agradecia a Deus sua existência.
Neto do rei, Mefibosete chegou a este mundo cercado de privilégios que causavam inveja
a qualquer criança.
Não demorou muito e os conflitos começaram a aparecer. Não houve tempo de
experimentar a graça recebida.
Saul, seu avô é rejeitado por Deus como Rei. Agora estava encolerizado contra Davi, o
futuro rei de Israel. Cruzadas de perseguição do avô contra o filho de Jessé roubariam a
paz daquela casa.
Jônatas seu pai por sua vez alimenta uma amizade com um homem que seu avô odiava.
Mefibosete era muito pequeno para entender estas coisas de gente grande. Quando tinha
cinco anos morrem seu Avô e seu pai. Aquele que nascera favorecido com a
oportunidade de ser o futuro rei de Israel perde sua chance ainda criança. Sem
consciência da gravidade dos fatos, Mefibosete foi visitado pelo infortúnio muito cedo.
Fugiu de si a graça divina.
2) Uma vida marcada pela dor
Aos cinco anos a tragédia bate a sua porta:

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Herói da fé-3 parte 2

Mas não foi somente os países populosos que o povo afluiu para o ouvir. Nos estados Unidos, quando eram ain¬da um país novo, ajuntaram-se grandes multidões dos que moravam longe um do outro, nas florestas. O famoso Ben¬jamim Franklin, no seu jornal, assim noticiou essas reu¬niões: "Quinta-feira o reverendo Whitefield partiu de nos¬sa cidade, acompanhado de cento e cinqüenta pessoas a cavalo, com destino a Chester, onde pregou a sete mil ou¬vintes, mais ou menos. Sexta-feira pregou duas vezes em Willings Town a quase cinco mil; no sábado, em Newcas¬tle, pregou a cerca de duas mil e quinhentas, e na tarde do mesmo dia, em Cristiana Bridge, pregou a quase três mil; no domingo, em White Clay Creek, pregou duas vezes (descansando uma meia hora entre os sermões a oito mil pessoas, das quais, cerca de três mil, tinha vindo a cavalo. Choveu a maior parte do tempo, porém, todos se conserva¬ram em pé, ao ar livre".
Como Deus estendeu a sua mão para operar prodígios por meio de seu servo, vê-se no seguinte: Num estrado pe¬rante a multidão, depois de alguns momentos de oração em silêncio, Whitefield anunciou de maneira solene o tex¬to: "É ordenado aos homens que morram uma só vez, e de¬pois disto vem o juízo". Depois de curto silêncio, ouviu-se um grito de horror, vindo dum lugar entre a multidão. Um pregador presente foi até o local da ocorrência, para saber o que tinha acontecido. Logo voltou e disse: - "Irmão Whi¬tefield, estamos entre os mortos e os que estão morrendo. Uma alma imortal foi chamada à eternidade. O anjo da destruição está passando sobre o auditório. Clame em alta voz e.não cesse". Então foi anunciado ao povo que um den¬tre a multidão havia morrido. Então Whitefield leu a se¬gunda vez o mesmo texto: "É ordenado aos homens que morram uma só vez". Do local onde a Senhora Huntington estava em pé, veio outro grito agudo. De novo, um tremor de horror passou por toda a multidão quando anunciaram que outra pessoa havia morrido. Whitefield, porém, em vez de ficar tomado de pânico, como os demais, suplicou graça ao Ajudador invisível e começou, com eloqüência tremenda, a prevenir os impenitentes do perigo. Não deve¬mos concluir, contudo, que ele era ou sempre solene ou sempre veemente. Nunca houve quem experimentasse mais formas de pregar do que ele.
Apesar da sua grande obra, não se pode acusar White¬field de procurar fama ou riquezas terrestres. Sentia fome e sede da simplicidade e sinceridade divina. Dominava to¬dos os seus interesses e os transformava para glória do rei¬no do seu Senhor. Não ajuntou ao redor de si os seus con¬vertidos para formar outra denominação, como alguns es¬peravam. Não, apenas dava todo o seu ser, mas queria "mais línguas, mais corpos, mais almas a usar para o Se¬nhor Jesus".
A maior parte de suas viagens à América do Norte fo¬ram feitas a favor do orfanato que fundara na colônia da Geórgia. Vivia na pobreza e esforçava-se para granjear o necessário para o orfanato. Amava os órfãos ternamente, escrevendo-lhes cartas e dirigindo-se a cada um pelo no¬me. Para muitas dessas crianças, ele era o único pai, o úni¬co meio de elas terem o sustento. Fez uma grande parte da sua obra evangelística entre os órfãos e quase todos perma¬neceram crentes fiéis, sendo que um bom número deles se tornaram ministros do Evangelho.
Whitefield não era de físico robusto: desde a mocidade sofria quase constantemente, anelando, muitas vezes, par¬tir e estar com Cristo. A maior parte dos pregadores acham impossível pregar quando estão enfermos como ele.
Assim foi que, aos 65 anos de idade, durante sua sétima viagem à América do Norte, findou a sua carreira na Ter¬ra, uma vida escondida com Cristo em Deus e derramada num sacrifício de amor pelos homens. No dia antes de fale¬cer, teve de esforçar-se para ficar em pé. Porém, ao levan¬tar-se, em Exeter, perante um auditório demasiado grande para caber em qualquer prédio, o poder de Deus veio sobre ele e pregou, como de costume, durante duas horas. Um dos que assistiram disse que "seu rosto brilhava como o sol". O fogo aceso no seu coração no dia de oração e jejum, quando da sua separação para o ministério, ardeu até den¬tro dos seus ossos e nunca se apagou (Jeremias 20.9).Certo homem eminente dissera a Whitefield: "Não es¬pero que Deus chame o irmão, breve, para o lar eterno, mas quando isso acontecer, regozijar-me-ei ao ouvir o seu testemunho". O pregador respondeu: "Então ficará desa-pontado; morrerei calado. A vontade de Deus é dar-me tan¬tos ensejos para testificar dele durante minha vida, que não me serão dados outros na hora da morte".
E sua morte ocorreu como predissera.
Depois do sermão, em Exeter, foi a Newburyport para passar a noite na casa do pastor. Ao subir para o quarto de dormir, virou-se na escada e, com a vela na mão, proferiu uma curta mensagem aos amigos que ali estavam e insis¬tiam em que pregasse.
Às duas horas da madrugada acordou. Faltava-lhe o fô¬lego e pronunciou para o seu companheiro as suas últimas palavras na Terra: "Estou morrendo".
No seu enterro, os sinos das igrejas de Newburyport dobraram e as bandeiras ficaram a meia-haste. Ministros de toda a parte vieram assistir aos funerais; milhares de pessoas não conseguiram chegar perto da porta da igreja, por causa da imensa multidão. Conforme seu pedido, foi enterrado sob o púlpito da igreja.
Se quisermos os mesmos frutos de ver milhares salvos, como Jorge Whitefield os teve, temos de seguir o seu exem¬plo de oração e dedicação.
- Alguém pensa que é tarefa demais? Que diria Jorge Whitefield, junto, agora, com os que levou a Cristo, se lhe fizéssemos essa pergunta?

Herói da fé-3 parte 1

Jorge Whitefield
Pregador ao ar livre
(1714-1770)
Mais de 100 mil homens e mulheres rodeavam o prega¬dor, há mais de duzentos anos, em Cambuslang, Escócia. As palavras do sermão, vivificadas pelo Espírito Santo, ou¬viam-se distintamente em todas as partes que formavam esse mar humano. É-nos difícil fazer uma idéia do vulto da multidão de 10 mil penitentes que responderam ao apelo para se entregarem ao Salvador. Estes acontecimentos ser¬vem-nos como um dos poucos exemplos do cumprimento das palavras de Jesus: "Na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fa¬rá maiores do que estas, porque vou para meu Pai" (João 14.12).
Havia "como um fogo ardente encerrado nos ossos" deste pregador, que era Jorge Whitefield. Ardia nele um zelo santo de ver todas as pessoas libertas da escravidão do pecado. Durante um período de vinte e oito dias fez a incrí¬vel façanha de pregar a 10 mil pessoas diariamente. Sua voz se ouvia perfeitamente a mais de um quilômetro de distância, apesar de fraco de físico e de sofrer dos pulmões.Não havia prédio no qual coubessem os auditórios e, nos países onde pregou, armava seu púlpito nos campos, fora das cidades. Whitefield merece o título de príncipe dos pregadores ao ar livre, porque pregava em média dez vezes por semana, e isso fez durante um período de trinta e qua¬tro anos, em grande parte sob o teto construído por Deus -os céus.
A vida de Jorge Whitefield era um milagre. Nasceu em uma taberna de bebidas alcoólicas. Antes de completar três anos, seu pai faleceu. Sua mãe casou-se novamente, mas a Jorge foi permitido continuar os estudos na escola. Na pensão de sua mãe, fazia a limpeza dos quartos, lavava roupa e vendia bebidas no bar. Estranho que pareça e ape¬sar de não ser salvo, interessava-se grandemente pela lei¬tura das Escrituras, lendo a Bíblia até alta noite prepa¬rando sermões. Na escola era conhecido como orador: Sua eloqüência era natural e espontânea, um dom extraordiná¬rio de Deus, dom que possuía sem ele mesmo saber.
Custeou os próprios estudos em Pembroke College, Ox¬ford, servindo como garçom em um hotel. Depois de estar algum tempo em Oxford, ajuntou-se ao grupo de estudan¬tes a que pertenciam João e Carlos Wesley. Passou muito tempo, como os demais do grupo, jejuando e esforçando-se para mortificar a carne, a fim de alcançar a salvação, sem compreender que "a verdadeira religião é a união da alma com Deus e a formação de Cristo em nós."
Acerca da sua salvação, escreveu algum tempo antes de morrer: "Sei o lugar onde... Todas as vezes que vou a Ox¬ford, sinto-me impelido a ir primeiro a este lugar onde Je¬sus se revelou a mim, pela primeira vez, e me deu o novo nascimento".
Com a saúde abalada, talvez pelo excesso de estudo, Jorge voltou a casa para recuperá-la. Resolvido a não cair no indiferentismo, inaugurou uma classe bíblica para jo¬vens que, como ele, desejavam orar e crescer na graça de Deus. Visitavam diariamente os doentes e os pobres e, fre¬qüentemente, os prisioneiros nas cadeias, para orarem com eles e prestarem-lhes qualquer serviço manual que pudes¬sem. Jorge tinha no coração um plano que consistia em pre¬parar cem sermões e apresentar-se para ser separado para o ministério. Porém quando havia preparado apenas um sermão, seu zelo era tanto, que a igreja insistia em ordená-lo, tendo penas vinte e um anos apesar de ser regra não aceitar ninguém para tal cargo, com menos de 23 anos.
O dia antes da sua separação para o ministério, passou-o em jejum e oração. Acerca desse fato, ele escreveu: "À tarde, retirei-me para um alto, perto da cidade, onde orei com instância durante duas horas, pedindo a meu favor e também por aqueles que estavam para ser separados comi¬go. No domingo, levantei-me de madrugada e orei sobre o assunto da epístola de Paulo a Timóteo, especialmente sobre o preceito: 'Ninguém despreze a tua mocidade'. Quando o ancião me impôs as suas mãos, se meu vil cora¬ção não me engana, ofereci todo o meu espírito, alma e cor¬po para o serviço no santuário de Deus... Posso testificar; perante os céus e a terra, que dei-me a mim mesmo, quan¬do o ancião me impôs as mãos, para ser um mártir por aquele que foi pregado na cruz em meu lugar".
Os lábios de Whitefield foram tocados pelo fogo divino do Espírito Santo na ocasião da sua separação para o mi¬nistério. No domingo seguinte, naquela época de gelo espi¬ritual, pregou pela primeira vez. Alguns se queixaram de que quinze dos ouvintes enlouqueceram ao ouvirem o ser¬mão. O ancião, porém, compreendendo o que se passava, respondeu que seria muito bom, se os quinze não se esque¬cessem da sua "loucura" antes de chegar o outro domingo.
Whitefield nunca se esqueceu nem deixou de aplicar a si as seguintes palavras do Doutor Delaney: "Desejo, todas as vezes que subir ao púlpito, considerar essa oportunida¬de como a última que me é dada de pregar, e a última dada ao povo de ouvir". Alguém assim escreveu sobre uma de suas pregações: "Quase nunca pregava sem chorar e sei que as suas lágrimas eram sinceras. Ouvi-o dizer: 'Vós me censurais porque choro. Mas, como posso conter-me, quando não chorais por vós mesmos, apesar das vossas al¬mas mortais estarem a beira da destruição? Não sabeis se estais ouvindo o último sermão, ou não, ou se jamais tereis outra oportunidade de chegar a Cristo!" Chorava, às vezes, até parecer que estava morto e custava a recuperar as forças. Diz-se que os corações da maioria dos ouvintes eram derretidos pelo calor intenso de seu espírito, como prata na fornalha do refinador.
Quando estudante no colégio de Oxford, seu coração ar¬dia de zelo e pequenos grupos de alunos se reuniam no seu quarto, diariamente; eles eram movidos, como os discípu¬los logo depois do derramamento do Espírito Santo, no Pentecoste. O Espírito continuou a operar poderosamente nele e por ele durante o resto da sua vida, porque nunca abandonou o costume de buscar a presença de Deus. Divi¬dia o dia em três partes: oito horas sozinho com Deus e em estudos, oito horas para dormir e as refeições, oito horas para o trabalho entre o povo. De joelhos, lia, e orava sobre as leituras das Escrituras e recebia luz, vida e poder. Le¬mos que numa das suas visitas aos Estados Unidos, "pas¬sou a maior parte da viagem a bordo, sozinho em oração". Alguém escreveu sobre ele: "Seu coração encheu-se tanto dos céus que anelava por um lugar onde pudesse agradecer a Deus; e sozinho, durante horas, chorava comovido pelo amor consumidor do seu Senhor". Suas experiências no ministério confirmavam a sua fé na doutrina do Espírito Santo, como o Consolador ainda vivo, o poder de Deus ope¬rando atualmente entre nós.
A pregação de Jorge Whitefield era feita de forma tão vivida que parecia quase sobrenatural. Conta-se que, certa vez pregando a alguns marinheiros, descreveu um navio perdido num furacão. Tudo foi apresentado em manifesta¬ções tão reais que, quando chegou ao ponto de descrever o barco afundando, alguns marinheiros pularam dos assen-tos, gritando: "Às baleeiras! Às baleeiras!". Em outro ser¬mão falou acerca dum cego andando na direção dum pre¬cipício desconhecido. A cena foi tão real que, quando o pre¬gador chegou ao ponto de descrever a chegada do cego à beira do profundo abismo, o camareiro-mor, Chesterfield, que assistia, deu um pulo gritando: "Meu Deus! ele desa-pareceu!"
O segredo, porém, da grande colheita de almas salvas não era a sua maravilhosa voz nem a sua grande eloqüên¬cia. Não era também porque o povo tivesse o coração aberto para receber o Evangelho, porque era tempo de grande decadência espiritual entre os crentes.
Também não foi porque lhe faltasse oposição. Repeti¬das vezes Whitefield pregou nos campos, porque as igrejas fecharam-lhe as portas. Às vezes nem os hotéis queriam aceitá-lo como hóspede. Em Basingstoke foi agredido a pauladas. Em Staffordshire atiraram-lhe torrões de terra. Em Moorfield destruíram a mesa que lhe servia de púlpito e arremessaram contra ele o lixo da feira. Em Evesham, as autoridades, antes de seu sermão, ameaçaram prendê-lo, se pregasse. Em Exeter, enquanto pregava a dez mil pes¬soas, foi apedrejado de tal forma que pensou haver chega¬do para ele a hora, como o ensangüentado Estevão, de ser imediatamente chamado à presença do Mestre. Em outro lugar, apedrejaram-no novamente, até ficar coberto de sangue. Verdadeiramente levava no corpo, até a morte, as marcas de Jesus.
O segredo de tais frutos na sua pregação era o seu amor para com Deus. Quando ainda muito novo, passava noites inteiras lendo a Bíblia, que muito amava. Depois de se converter, teve a primeira daquelas experiências de sentir-se arrebatado, ficando a sua alma inteiramente aberta, cheia, purificada, iluminada da glória e levada a sacrifi¬car-se, inteiramente, ao seu Salvador. Desde então nunca mais foi indiferente em servir a Deus, mas regozijava-se no alvo de trabalhar de toda a sua alma, e de todas as suas forças, e de todo seu entendimento. Só achava interesse nos cultos e escreveu para sua mãe que nunca mais volta¬ria ao seu emprego. Consagrou a vida completamente a Cristo. E a manifestação exterior daquela vida nunca exce¬dia a sua realidade interior, portanto, nunca mostrou can¬saço nem diminuiu a marcha durante o resto de sua vida.
Apesar de tudo, ele escreveu: "A minha alma era seca como o deserto. Sentia-me como encerrado dentro duma armadura de ferro. Não podia ajoelhar-me sem estar toma¬do de grandes soluços e orava até ficar molhado de suor... Só Deus sabe quantas noites fiquei prostrado, de cama, ge¬mendo, por causa do que sentia, e ordenando, em nome de Jesus, que Satanás se apartasse de mim. Outras vezes pas¬sei dias e semanas inteiros prostrado em terra, suplicando para ser liberto dos pensamentos diabólicos que me dis¬traíam. Interesse próprio, rebelião, orgulho e inveja me atormentavam, um após outro, até que resolvi vencê-los ou morrer. Lutei até Deus me conceder vitória sobre eles".
Jorge Whitefield considerava-se um peregrino errante no mundo, procurando almas. Nasceu, criou-se e diplo¬mou-se na Inglaterra. Atravessou o Atlântico treze vezes. Visitou a Escócia quatorze vezes. Foi ao País de Gales vá¬rias vezes. Visitou uma vez a Holanda. Passou quatro me¬ses em Portugal. Nas Bermudas, ganhou muitas almas para Cristo, como nos demais lugares onde trabalhou.
Acerca do que sentiu em uma das viagens à colônia da Geórgia, Whitefield escreveu: 'Foram-me concedidas ma¬nifestações extraordinárias do alto. Cedo de manhã, ao meio-dia, ao anoitecer e à meia-noite, de fato durante o dia inteiro, o amado Jesus me visitava para renovar-me o cora¬ção. Se certas árvores perto de Stonehourse pudessem fa¬lar, contariam acerca da doce comunhão, que eu e algumas almas amadas desfrutamos ali com Deus, sempre bendito. Às vezes, quando de passeio, a minha alma fazia tais in¬cursões pelas regiões celestes, que parecia pronta a aban¬donar o corpo. Outras vezes sentia-me tão vencido pela grandeza da majestade infinita de Deus, que me prostrava em terra e entregava-lhe a alma, como um papel em bran¬co, para Ele escrever nela o que desejasse. De uma noite nunca me esquecerei. Relampejava excessivamente. Eu pregara a muitas pessoas e algumas ficaram receosas de voltar a casa. Senti-me dirigido a acompanhá-las e apro¬veitar o ensejo para as animar a se prepararem para a vin¬da do Filho do homem. Oh! que gozo senti na minha alma! Depois de voltar, enquanto alguns se levantavam das suas camas, assombrados pelos relâmpagos que andavam pelo chão e brilhavam duma parte do céu até outra, eu com mais um irmão ficamos no campo adorando, orando, exul¬tando ao nosso Deus e desejando a revelação de Jesus dos céus, uma chama de fogo!"
- Como se pode esperar outra coisa a não ser que as multidões, a quem Whitefield pregava, fossem levadas a bus¬car a mesma Presença? Na sua biografia há um grande nú¬mero de exemplos como os seguintes: "Oh! quantas lágrimas foram derramadas, com forte clamor, pelo amor do querido Senhor Jesus! Alguns desmaiavam e quando re¬cobravam as forças, ouviam e desmaiavam de novo. Ou¬tros gritavam como quem sente a ânsia da morte. E depois de eu findar o último discurso, eu mesmo senti-me tão ven¬cido pelo amor de Deus que quase fiquei sem vida. Contu¬do, por fim, revivi e, depois de me alimentar um pouco, es-tava fortalecido bastante para viajar cerca de trinta quilô¬metros, até Nottingham. No caminho, a alma alegrou-se cantando hinos. Chegamos quase à meia-noite; depois de nos entregarmos a Deus em oração, deitamo-nos e descan¬samos na proteção do querido Senhor Jesus. Oh! Senhor, jamais existiu amor como o teu!"
Então Whitefield continuou, sem cansar: "No dia se¬guinte em Fog's Manor, a concorrência aos cultos foi tão grande como em Nottingham. O povo ficou tão quebrantado que, por todos os lados, vi pessoas banhadas em lágri¬mas. A palavra era mais cortante que espada de dois gu¬mes e os gritos e gemidos alcançavam o coração mais endu-recido. Alguns tinham semblantes pálidos como a palidez de morte; outros torciam as mãos, cheios de angústia; ain¬da outros foram prostrados ao chão, ao passo que outros caíam e eram aparados nos braços de amigos. A maior par¬te do povo levantava os olhos para os céus, clamando e pe¬dindo a misericórdia de Deus. Eu, enquanto os contempla¬va, só podia pensar em uma coisa: o grande dia. Pareciam pessoas acordadas pela última trombeta, saindo dos seus túmulos para o juízo."
"O poder da presença divina nos acompanhou até Baskinridge, onde os arrependidos choravam e os salvos ora¬vam, lado a lado. O indiferentismo de muitos transformou-se em assombro, e o assombro, depois, em grande alegria. Alcançou todas as classes, idades e caracteres. A embria¬guez foi abandonada por aqueles que eram dominados por esse vício. Os que haviam praticado qualquer ato de injus¬tiça foram tomados de remorso. Os que tinham furtado fo¬ram constrangidos a fazer restituição. Os vingativos pedi¬ram perdão. Os pastores ficaram ligados ao seu povo por um vínculo mais forte de compaixão. O culto doméstico foi iniciado nos lares. Os homens foram levados a estudar a Palavra de Deus e a terem comunhão com o seu Pai, nos céus".

domingo, 22 de maio de 2011

Um herói da fé(parte2)

João Bunyan
Sonhador imortal
(1628-1688)

"Caminhando pelo deserto deste mundo, parei num sítio onde havia uma caverna (a prisão de Bedford): ali deitei-me para descansar. Em breve adormeci e tive um sonho. Vi um homem coberto de andrajos, de pé, e com as costas voltadas para a sua habitação, tendo sobre os ombros uma pesada carga e nas mãos um livro".
Faz três séculos que João Bunyan assim iniciou o seu li¬vro, o Peregrino. Os que conhecem as suas obras literárias podem testificar de que ele é, de fato, "o Sonhador Imor¬tal" - "Estando ele morto, ainda fala". Contudo, enquanto miríades de crentes conhecem o Peregrino, poucos conhe¬cem a história da vida de oração desse valente pregador.
Bunyan, na sua obra, Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, nos informa que seus pais, apesar de vive¬rem em extrema pobreza, conseguiram ensiná-lo a ler e es¬crever. Ele mesmo se intitulou a si próprio de "o principal dos pecadores"; outros atestam que era "bem-sucedido" até na impiedade. Contudo, casou-se com uma moça de família cujos membros eram crentes fervorosos Bunyan era funileiro e, como acontecia com todos os funileiros, era paupérrimo; ele não possuía um prato nem uma colher - apenas dois livros: O Caminho do Homem Simples para os Céus e A Prática da Piedade, obras que seu pai, ao falecer, lhe deixara. Apesar de Bunyan achar algumas coisas que lhe interessavam nesses dois livros, somente nos cultos é que se sentiu convicto de estar no caminho para o Inferno.
Descobre-se nos seguintes trechos, copiados de Graça Abundante ao Principal dos Pecadores, como ele lutava em oração no tempo da sua conversão:
"Veio-me às mãos uma obra dos 'Ranters', livro esti¬mado por alguns doutores. Não sabendo julgar os méritos dessas doutrinas, dediquei-me a orar desta maneira: 'Ó Senhor, não sei julgar entre o erro e a verdade. Senhor, não me abandones por aceitar ou rejeitar essa doutrina cega¬mente; se ela for de ti, não me deixes desprezá-la; se for do Diabo, não me deixes abraçá-la!' - e, louvado seja Deus, Ele que me dirigiu a clamar; desconfiando na minha pró¬pria sabedoria, Ele mesmo me guarda do erro dos 'Ran¬ters'. A Bíblia já era para mim muito preciosa nesse tempo."
"Enquanto eu me sentia condenado às penas eternas, admirei-me de como o próximo se esforçava para ganhar bens terrestres, como se esperasse viver aqui eternamen¬te... Se eu pudesse ter a certeza da salvação da minha al¬ma, como se sentiria rico, mesmo que não tivesse mais para comer a não ser feijão."
"Busquei o Senhor, orando e chorando e do fundo da alma clamei: 'Ó Senhor, mostra-me, eu te rogo, que me amas com amor eterno!' Logo que clamei, voltaram para mim as palavras, como um eco: 'Eu te amo com amor eter¬no!' Deitei-me para dormir em paz e, ao acordar, no dia se¬guinte, a mesma paz permanecia na minha alma. O Se¬nhor me assegurou: 'Amei-te enquanto vivias no pecado, amei-te antes, amo-te depois e amar-te-ei por todo o sem¬pre'."
"Certa manhã, enquanto tremia na oração, porque pensava que não houvesse palavra de Deus para me sosse¬gar, Ele me deu esta frase: 'A minha graça te basta'."O meu entendimento foi tão iluminado como se o Se¬nhor Jesus olhasse dos céus para mim, pelo telhado da ca¬sa, e me dirigisse essas palavras. Voltei para casa choran¬do, transbordando de gozo e humilhado até o pó."
"Contudo, certo dia, enquanto andava no campo, a consciência inquieta, de repente estas palavras entraram na minha alma: 'Tua justiça está nos céus.' E parecia que, com os olhos da alma, via Jesus Cristo à destra de Deus, permanecendo ali como minha justiça... Vi, além disso, que não é o meu bom coração que torna a minha justiça melhor, nem que a prejudica; porque a minha justiça é o próprio Cristo, o mesmo ontem, hoje e para sempre. As ca¬deias então caíram-me das pernas; fiquei livre das angús¬tias; as tentações perderam a força; o horror da severidade de Deus não mais me perturbava, e voltei para casa regozijando-me na graça e no amor de Deus. Não achei na Bíblia a frase: 'Tua justiça está nos céus.' Mas achei 'o qual para nós foi feito por Deus sabedoria e justiça, e santificação, e redenção' (1 Coríntios 1.30) e vi que a outra frase era ver¬dade.
"Enquanto eu assim meditava, o seguinte trecho das Escrituras penetrou no meu espírito com poder: 'Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou.' Assim fui levantado para as al¬turas e me achava nos braços da graça e misericórdia. An¬tes temia a morte, mas depois clamei: 'Quero morrer.' A morte tornou-se para mim uma coisa desejável. Não se vive verdadeiramente antes de passar para a outra vida. 'Oh!' - pensava eu - 'esta vida é apenas um sonho em com¬paração à outra!' Foi nessa ocasião que as palavras 'her¬deiros de Deus' se tornaram tão cheias de sentido, que eu não posso explicar aqui neste mundo. 'Herdeiros de Deus!' O próprio Deus é a porção dos santos. Isso vi e disso me ad¬mirei, contudo, não posso contar o que vi... Cristo era um Cristo precioso na minha alma, era o meu gozo; a paz e o triunfo por Cristo eram tão grandes que tive dificuldade em conter-me e ficar deitado."
Bunyan, na sua luta para sair da escravidão do vício e do pecado, não fechava a alma dos perdidos que ignora¬vam os horrores do inferno. Acerca disto ele escreveu:
"Percebi pelas Escrituras que o Espírito Santo não quer que os homens enterrem os seus talentos e dons, mas antes que despertem esses dons... Dou graças a Deus, por me haver concedido uma medida de entranhas e compai¬xão, pela alma do próximo, e me enviou a esforçar-me grandemente para falar uma palavra que Deus pudesse usar para apoderar-se da consciência e despertá-la. Nisso o bom Senhor respondeu ao apelo de seu servo, e o povo co¬meçou a mostrar-se comovido e angustiado de espírito ao perceber o horror do seu pecado e a necessidade de aceitar a Jesus Cristo."
"De coração, clamei a Deus com grande insistência que Ele tornasse a Palavra eficaz para a salvação da alma... De fato, disse repetidamente ao Senhor que, se o meu enforca¬mento perante os olhos dos ouvintes servisse para desper¬tá-los e confirmá-los na verdade, eu o aceitaria alegremen¬te."
"O maior anelo em cumprir meu ministério era o de en¬trar nos lugares mais escuros do país... Na pregação, real¬mente, sentia dores de parto para que nascessem filhos para Deus. Sem fruto, não ligava importância a qualquer louvor aos meus esforços; com fruto, não me importava com qualquer oposição."
Os obstáculos que Bunyan tinha de encarar eram mui¬tos e variados. Satanás, vendo-se grandemente prejudica¬do pela obra desse servo de Deus, começou a levantar bar¬reiras de todas as formas. Bunyan resistia fielmente a to¬das as tentações de vangloriar-se sobre o fruto de seu mi¬nistério e cair na condenação do Diabo. Quando, certa vez, um dos ouvintes lhe disse que pregara um bom sermão, ele respondeu: "Não precisa dizer-me isso, o Diabo já cochi¬chou a mesma coisa no meu ouvido antes de sair da tribuna."
Então o inimigo das almas suscitou os ímpios para ca¬luniá-lo e espalhar boatos em todo o país, a fim de induzi-lo a abandonar seu ministério. Chamavam-no de feiticeiro, jesuíta, cangaceiro e afirmavam que vivia amancebado, que tinha duas esposas e que os seus filhos eram ilegítimos.
Quando o Maligno falhou em todos esses planos de des¬viar Bunyan do seu ministério glorioso, os inimigos denunciaram-no por não observar os regulamentos dos cultos da igreja oficial. As autoridades civis o sentenciaram à prisão perpétua, recusando terminantemente a revogação da sen¬tença, apesar de todos os esforços de seus amigos e dos ro¬gos da sua esposa - tinha de ficar preso até se comprometer a não mais pregar.
Acerca da sua prisão, ele diz: "Nunca tinha sentido a presença de Deus ao meu lado em todas as ocasiões como depois de ser encerrado... fortalecendo-me tão ternamente com esta ou aquela Escritura até me fazer desejar, se fosse lícito, maiores provações para receber maiores consola¬ções".
"Antes de ser preso, eu previa o que aconteceria, e duas coisas ardiam no coração, acerca de como podia encarar a morte, se chegasse a tal ponto. Fui dirigido a orar pedindo a Deus me fortalecesse com toda a força, segundo o poder da sua glória, em toda a fortaleza e longanimidade, dando com alegria graças ao Pai. Quase nunca orei, durante o ano antes de ser preso, sem que essa Escritura me entrasse na mente e eu compreendesse que para sofrer com toda a pa¬ciência devia ter toda a fortaleza, especialmente para so¬frer com alegria."
"A segunda consideração foi na passagem que diz: 'Mas nós temos tido dentro de nós mesmos a sentença de morte para que não confiássemos em nós mesmos, porém em Deus que ressuscita os mortos'. Cheguei a ver, por essa Escritura que, se eu chegasse a ponto de sofrer como devia, primeiramente tinha de sentenciar à morte todas as coisas que pertencem à nossa vida, considerando-me a mim mes¬mo, minha esposa, meus filhos, a saúde, os prazeres, tudo, enfim, como mortos para comigo e eu morto para com eles.
"Resolvi, como Paulo disse, não olhar para as coisas que se vêem, mas sim, para as que se não vêem, porque as coisas que se vêem, são temporais, mas as coisas que se não vêem, são eternas. E compreendi que se eu fosse prevenido apenas de ser preso, poderia, de improviso, ser chamado, também, para ser açoitado, ou amarrado ao pelourinho. Ainda que esperasse apenas esses castigos, não suportaria o castigo de desterro. Mas a melhor maneira para passar os sofrimentos seria confiar em Deus, quanto ao mundo vindouro; quanto a este mundo, devia considerar o sepulcro como minha morada, estender o meu leito nas trevas, dizer à corrupção: Tu és meu pai', e aos vermes: 'Vós sois minha mãe e minha irmã' (Jó 17.13,14).
"Contudo, apesar desse auxílio, senti-me um homem cercado de fraquezas. A separação da minha esposa e de nossos filhos, aqui na prisão torna-se, às vezes, como se fosse a separação da carne dos ossos. E isto não somente porque me lembro das tribulações e misérias que meus queridos têm de sofrer; especialmente a filhinha cega. Mi¬nha pobre filha, quão triste é a tua porção neste mundo! Serás maltratada, pedirás esmolas; passarás fome, frio, nudez e outras calamidades! Oh! os sofrimentos da minha ceguinha quebrar-me-iam o coração aos pedaços!"
"Eu meditava muito, também, sobre o horror ao Infer¬no para os que temiam a Cruz a ponto de se recusarem a glorificar a Cristo, suas palavras e leis perante os filhos dos homens. Além do mais, pensava sobre a glória que Ele pre¬parara para os que, em amor, fé e paciência, testificavam dele. A lembrança destas coisas serviam para diminuir a mágoa que sentia ao lembrar-me de que eu e meus queri¬dos sofriam pelo testemunho de Cristo".
Nem todos os horrores da prisão abalaram o espírito de João Bunyan. Quando lhes ofereciam a sua liberdade sob a condição de ele não pregar mais, respondia: "Se eu sair hoje da prisão, pregarei amanhã, com o auxílio de Deus".
Mas se alguém pensar que, afinal de contas, João Bu¬nyan era apenas um fanático, deve ler e meditar sobre as obras que nos deixou: Graça Abundante ao Principal dos Pecadores; Chamado ao Ministério; O Peregrino; A Pere¬grina; A Conduta do Crente; A Glória do Templo; O Peca-dor de Jerusalém é Salvo; As Guerras da Famosa Cidade de Alma-humana; A vida e a Morte de Homem Mau; O Sermão do Monte; A Figueira Infrutífera; Discursos Sobre Oração; O Viajante Celestial; Gemidos de Uma Alma no Inferno; A Justificação é Imputada, etc.
Passou mais de doze anos encarcerado. É fácil dizer que foram doze longos anos, mas é difícil conceber o que isso significa - passou mais da quinta parte da sua vida na prisão, na idade de maior energia. Foi um quacre, chamado Whitehead, que conseguiu a sua libertação. Depois de liberto, pregou em Bedford, Londres, e muitas outras cida¬des. Era tão popular, que foi alcunhado de "Bispo Bu¬nyan". Continuou o seu ministério fielmente até a idade de sessenta anos, quando foi atacado de febre e faleceu. O seu túmulo é visitado por dezenas de milhares de pessoas.
- Como se explica o êxito de João Bunyan? O orador, o escritor, o pregador, o professor da Escola Dominical e o pai de família, cada um conforme o seu ofício, pode lucrar grandemente com um estudo do estilo e méritos de seus es¬critos, apesar de ele ter sido apenas um humilde funileiro, sem instrução.
- Mas como se pode explicar o maravilhoso sucesso de Bunyan? Como pode um iletrado pregar como ele pregava e escrever num estilo capaz de interessar à criança e ao adulto; ao pobre e ao rico; ao douto e ao indouto? A única explicação do seu êxito é que "ele era um homem em cons¬tante comunhão com Deus". Apesar de seu corpo estar preso no cárcere, a sua alma estava liberta. Porque foi ali, numa cela, que João Bunyan teve as visões descritas nos seus livros - visões muito mais reais do que os seus perse¬guidores e as paredes que o cercavam. Depois de desapare¬cerem os perseguidores da terra e as paredes caírem em pó, o que Bunyan escreveu continua a iluminar e alegrar a to¬das as terras e a todas as gerações.
O que vamos citar mostra como Bunyan lutava com Deus em oração:
"Há, na oração, o ato de desvelar a própria pessoa, de abrir o coração perante Deus, de derramar afetuosamente a alma em pedidos, suspiros e gemidos. 'Senhor', disse Da¬vi, 'diante de ti está todo o meu desejo e o meu gemido não te é oculto' (Salmo 38.9). E outra vez: 'A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresen¬tarei ante a face de Deus? Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma!' (Salmo 42.2-4). Note: 'Derramo a minha alma!' é um termo demonstrativo de que em oração sai a própria vida e toda a força para Deus".
Em outra ocasião escreveu: "As melhores orações con¬sistem, às vezes, mais de gemidos do que de palavras e estas palavras não são mais que a mera representação do co¬ração, vida e espírito de tais orações".
Como ele insistia e importunava em oração a Deus, é claro no trecho seguinte: "Eu te digo: Continua a bater, chorar, gemer e prantear; se Ele se não levantar para te dar, porque és seu amigo, ao menos por causa da tua im¬portunação, levantar-se-á para dar-te tudo o que precisares".
Sem contestação, o grande fenômeno da vida de João Bunyan consistia no seu conhecimento íntimo das Escritu¬ras, as quais amava; e na perseverança em oração ao Deus que adorava. Se alguém duvidar de que Bunyan seguia a vontade de Deus nos doze longos anos que passou na prisão de Bedford, deve lembrar-se de que esse servo de Cristo, ao escrever O Peregrino, na prisão de Bedford, pregou um ser¬mão que já dura quase três séculos e que hoje é lido em cento e quarenta línguas. É o livro de maior circulação de¬pois da Bíblia. Sem tal dedicação a Deus, não seria possí¬vel conseguir o incalculável fruto eterno desse sermão pre¬gado por um funileiro cheio da graça de Deus!

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Um herói da fé.

Jerônimo Savonarola
Precursor da Grande Reforma
(1452-1498)
O povo de toda a Itália afluía, em número sempre cres¬cente, a Florença. A famosa Duomo não mais comportava as enormes multidões. O pregador, Jerônimo Savonarola, abrasado com o fogo do Espírito Santo e sentindo a imi¬nência do julgamento de Deus, trovejava contra o vício, o crime e a corrupção desenfreada na própria igreja. O povo abandonou a leitura das publicações torpes e mundanas, para ler os sermões do ardente pregador: deixou os cânticos das ruas, para cantar os hinos de Deus. Em Florença, as crianças fizeram procissões, coletando as máscaras carna¬valescas, os livros obscenos e todos os objetos supérfluos que serviam à vaidade. Com isso formaram em praça pública uma pirâmide de vinte metros de altura e atea¬ram-lhe fogo. Enquanto o monte ardia, o povo cantava hi¬nos e os sinos da cidade dobravam em sinal de vitória.
Se o ambiente político fosse o mesmo que depois veio a ser na Alemanha, o intrépido e devoto Jerônimo Savonaro¬la teria sido o instrumento usado para iniciar a Grande Reforma, em vez de Martinho Lutero. Apesar de tudo, Savonarola tornou-se um dos ousados e fiéis arautos para con¬duzir o povo à fonte pura e às verdades apostólicas regis¬tradas nas Sagradas Escrituras.
Jerônimo era o terceiro dos sete filhos da família. Nas¬ceu de pais cultos e mundanos, mas de grande influência. Seu avô paterno era um famoso médico na corte do duque de Ferrara e os pais de Jerônimo planejavam que o filho ocupasse o lugar do avô. No colégio, era aluno esmerado. Mas os estudos da filosofia de Platão e de Aristóteles, dei-xaram-lhe a alma sequiosa. Foram, sem dúvida, os escritos de Tomaz de Aquino que mais o influenciaram (a não ser as próprias Escrituras) a entregar inteiramente o coração e a vida a Deus. Quando ainda menino, tinha o costume de orar e, ao crescer, o seu ardor em orar e jejuar aumentou. Passava horas seguidas em oração. A decadência da igreja, cheia de toda a qualidade de vício e pecado, o luxo e a os¬tentação dos ricos em contraste com a profunda pobreza dos pobres, magoavam-lhe o coração. Passava muito tem¬po sozinho, nos campos e à beira do rio Pó, em contempla¬ção perante Deus, ora cantando, ora chorando, conforme os sentimentos que lhe ardiam no peito. Quando ainda jo¬vem, Deus começou a falar-lhe em visões. A oração era a sua grande consolação; os degraus do altar, onde se prostrava horas a fio, ficavam repetidamente molhados de suas lágrimas.
Houve um tempo em que Jerônimo começou a namorar certa moça florentina. Mas quando ela mostrou ser despre¬zo alguém da sua orgulhosa família Strozzi, unir-se a al¬guém da família de Savonarola, Jerônimo abandonou para sempre a idéia de casar-se. Voltou a orar com crescente ar¬dor. Enojado do mundo, desapontado acerca dos seus pró-prios anelos, sem achar uma pessoa compassiva a quem pudesse pedir conselhos, e cansado de presenciar injusti¬ças e perversidades que o cercavam, coisas que não podia remediar, resolveu abraçar a vida monástica.
Ao apresentar-se no convento, não pediu o privilégio de se tornar monge, mas rogou que o aceitassem para fazer os serviços mais vis, da cozinha, da horta e do mosteiro.Na vida do claustro, Savonarola passava ainda mais tempo em oração, jejum e contemplação perante Deus. Sobrepujava todos os outros monges em humildade, since¬ridade e obediência, sendo apontado para lecionar filoso¬fia, posição que ocupou até sair do convento.
Depois de passar sete anos no mosteiro de Bolongna, frei (irmão) Jerônimo foi para o convento de São Marcos, em Florença. Grande foi o seu desapontamento ao ver que o povo florentino era tão depravado como o dos demais lu¬gares. (Até então ainda não reconhecia que somente a fé em Deus salva o pecador.)
Ao completar um ano no convento de São Marcos, foi apontado instrutor dos noviciados e, por fim, designado pregador do mosteiro. Apesar de ter ao seu dispor uma ex¬celente biblioteca, Savonarola utilizava-se mais e mais da Bíblia como seu livro de instrução.
Sentia cada vez mais o terror e a vingança do Dia do Senhor que se aproxima e, às vezes, entregava-se a trovejar do púlpito contra a impiedade do povo. Eram tão poucos os que assistiam às suas pregações, que Savonarola resol¬veu dedicar-se inteiramente à instrução dos noviciados. Contudo, como Moisés, não podia escapar à chamada de Deus!
Certo dia, ao dirigir-se a uma feira, viu, repentinamen¬te, em visão, os céus abertos e passando perante seus olhos todas as calamidades que sobrevirão à igreja. Então lhe pareceu ouvir uma voz do Céu ordenando-lhe anunciar es¬tas coisas ao povo.
Convicto de que a visão era do Senhor, começou nova¬mente a pregar com voz de trovão. Sob a nova unção do Espírito Santo a sua condenação ao pecado era feita com tanto ímpeto, que muitos dos ouvintes depois andavam atordoados sem falar, nas ruas. Era coisa comum, durante seus sermões, homens e mulheres de todas as idades e de todas as classes romperem em veemente choro.
O ardor de Savonarola na oração aumentava dia após dia e sua fé crescia na mesma proporção. Freqüentemente, ao orar, caía em êxtase. Certa vez, enquanto sentado no púlpito, sobreveio-lhe uma visão, durante a qual ficou imóvel por cinco horas, quando o seu rosto brilhava, e os ouvintes na igreja o contemplavam.
Em toda a parte onde Savonarola pregava, seus ser¬mões contra o pecado produziam profundo terror. Os ho¬mens mais cultos começaram então a assistir às pregações em Florença; foi necessário realizar as reuniões na Duomo, famosa catedral, onde continuou a pregar durante oito anos. O povo se levantava à meia-noite e esperava na rua até a hora de abrir a catedral.
O corrupto regente de Florença, Lorenzo Medici, expe¬rimentou todas as formas: a bajulação, as peitas, as amea¬ças, e os rogos, para induzir Savonarola a desistir de pregar contra o pecado, e especialmente contra a perversidade do regente. Por fim, vendo que tudo era debalde, contratou o famoso pregador, Frei Mariano, para pregar contra Savo-narola. Frei Mariano pregou um sermão, mas o povo não prestou atenção à sua eloqüência e astúcia, e ele não ousou mais pregar.
Nessa altura, Savonarola profetizou que Lorenzo, o Papa e o rei de Nápoles morreriam dentro de um ano, e as¬sim sucedeu.
Depois da morte de Lorenzo, Carlos VIII, da França, invadiu a Itália e a influência de Savonarola aumentou ainda mais. O povo abandonou a literatura torpe e munda¬na para ler os sermões do famoso pregador. Os ricos socor¬riam os pobres em vez de oprimi-los. Foi neste tempo que o povo fez a grande fogueira, na "piazza" de Florença e quei-mou grande quantidade de artigos usados para alimentar vícios e vaidade. Não cabia mais, na grande Duomo, o seu imenso auditório.
Contudo, o sucesso de Savonarola foi muito curto. O pregador foi ameaçado, excomungado e, por fim, no ano de 1498, por ordem do Papa, foi queimado em praça pública. Com as palavras: "O Senhor sofreu tanto por mim!", ter¬minou a vida terrestre de um dos maiores e mais dedicados mártires de todos os tempos.
Apesar de ele continuar até a morte a sustentar muitos dos erros da Igreja Romana, ensinava que todos os que são realmente crentes estão na verdadeira Igreja. Alimentava continuamente a alma com a Palavra de Deus. As margens das páginas da sua Bíblia estão cheias de notas escritas en¬quanto meditava nas Escrituras. Conhecia uma grande parte da Bíblia de cor e podia abrir o livro instantanea¬mente e achar qualquer texto. Passava noites inteiras em oração e foram-lhe dadas revelações quando em êxtase, ou por visões. Seus livros sobre "A Humildade", "A Oração", "O Amor", etc., continuam a exercer grande influência sobre os homens. Destruíram o corpo desse precursor da Grande Reforma, mas não puderam apagar as verdades que Deus, por seu intermédio, gravou no coração do povo.

sábado, 14 de maio de 2011

Assembléia de Deus de Porto Alegre/RS Cong. Chácara das Peras

Assembléia de Deus de Porto Alegre/RS Cong. Barreto-Inicio da Obra de Deus

Pregando na Assembléia de Deus de Viamão/RS Cong. Vila Augusta

Pastor Carlos Henrique - Assembléia de Deus de Glorinha/RS

Pregando na Assembléia de Deus de Porto Alegre/RS Cong. Taquara

Pregando em Simão Dias/SE Assembléia de Deus Madureira

Pastor Carlos Henrique em Boquim/SE Assembléia de Deus Perus

terça-feira, 10 de maio de 2011

Malfeitores ao lado de um SALVADOR

Lemos em Lucas 23.32-33: "E também eram levados outros dois, que eram malfeitores, para serem executados com ele. Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda". O Senhor Jesus tinha predito que, com relação à Sua execução, toda a Escritura teria de se cumprir, inclusive a passagem que diz que Ele seria contado com os malfeitores (Lc 22.37). Ele referia-se a Isaías 53.12, onde está escrito: "Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte; foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu". Aproximadamente 700 anos depois, a profecia cumpriu-se literalmente quando o Senhor Jesus foi crucificado no meio de dois malfeitores. O Evangelho de Marcos também relata que "com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda. E cumpriu-se a Escritura que diz: Com malfeitores foi contado" (Mc 15.27-28). Mateus 27.44 diz que os dois malfeitores zombaram do Senhor Jesus juntamente com as pessoas que passavam por eles, com os soldados, sumos sacerdotes e anciãos: "E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificados com ele". Mas um desses malfeitores apercebeu-se do engano que estava cometendo e mudou sua atitude em relação a Jesus. Ambos haviam presenciado a oração de Jesus por aqueles que O pregavam na cruz: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. Então, repartindo as vestes dele, lançaram sortes" (Lc 23.34). Eles também viram Jesus, em meio à dor insuportável que estava sofrendo, preocupado com Sua mãe e com Seu discípulo João (Jo 19.25-27). Além disso, foram testemunhas da relação profunda entre Jesus e Seu Pai, e como o Senhor Jesus orava sem que uma maldição, reclamação ou uma palavra sequer de amargura passasse pelos Seus lábios. Eles viram-nO igualmente pregado na cruz como um cordeiro, totalmente submisso, suportando com paciência todo o desprezo e a zombaria do povo. Mas um deles se convenceu que Jesus tinha de ser mais do que diziam que Ele era. Seria verdade o que haviam escrito como acusação na cruz, acima de Sua cabeça: "Jesus de Nazaré, rei dos judeus"? Esse malfeitor reconheceu repentinamente sete coisas significativas a respeito de Jesus:

1. Que Jesus era sem pecado, absolutamente inocente, mas que estava dependurado na cruz como se fosse um amaldiçoado (Lc 23.40-41).

2. Que eles estavam errados zombando de Jesus, principalmente seu colega de infortúnio (v. 40).

3. Ele próprio foi repentinamente tomado pelo temor de Deus (v. 40).

4. Na presença de Jesus ele percebeu que era pecador (v. 41).

5. Ele se arrependeu, pois sabia que Jesus entraria em Seu reino, reconheceu e confessou que só através dEle teria entrada no céu (v. 42).

6. Com essa oração ele também confessou que Jesus é o Senhor: "...quando vieres no teu reino" (v. 42).

7. Ele demonstrou uma fé profunda e admirável (v. 42).

A clara e imediata resposta de Jesus não se fez esperar: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (v. 43; veja também 2 Co 12.4; Ap 2.7).

Nesse momento podemos nos perguntar: que chances Deus dá a um malfeitor, a um ladrão, a um homicida? A resposta é: todas! – O perdido só precisa vir a Jesus e clamar pelo Seu nome com coração arrependido. Mas não devemos esquecer que o Deus Todo-Poderoso considera todas as pessoas como malfeitoras: "justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que crêem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3.22-23). Vemos que essa passagem fala de "todos", sem exceção. Somos todos pecadores, todos carecemos da glória de Deus. Isso significa que não temos nada de bom para apresentar a Ele. Mas também está escrito que a justiça de Jesus é concedida a todos os que crêem nEle.

Os malfeitores na cruz eram ambos pecadores. Um, porém, agarrou a primeira oportunidade e voltou-se para Jesus; o outro perdeu sua última oportunidade. Os dois estavam igualmente próximos de Jesus, mas um espaço infinito separava um do outro. O abismo entre os dois está personificado na palavra "graça". Um continuou com sua zombaria e manteve seu orgulho, permanecendo em seu pecado; o outro, porém, orou: "Jesus, lembra-te de mim..." e experimentou toda a graça do perdão. Por toda uma vida ele havia roubado, matado e cometido pecados – mas o arrependimento sincero e profundo, expresso em uma única frase, abriu-lhe as portas para o paraíso divino. Isso é graça! Um estava no limiar do inferno e entrou no paraíso, o outro estava muito próximo do paraíso e foi para o inferno. Em Jesus decide-se o futuro e a eternidade das nossas vidas. Um morreu profundamente amargurado, com o coração tomado de incerteza, o outro morreu na paz da certeza de entrar no reino de Jesus. Jamais alguém esteve tão próximo da salvação como esses dois malfeitores crucificados ao lado de Jesus. Eles viram com seus próprios olhos a Jesus pregado na cruz como o Cordeiro de Deus no altar do sacrifício. Isso era tão claro e óbvio que até o centurião exclamou mais tarde ao pé da cruz: "Verdadeiramente, este era o Filho de Deus" (Mc 15.39).

Com base em Isaías 53.12, creio que o Senhor Jesus orou pelos dois transgressores, mesmo que isso não seja mencionado nos Evangelhos. Com certeza o malfeitor perdido ouviu a oração de seu parceiro entregando-se a Cristo e ouviu também a resposta de Jesus a essa oração, mas manteve sua postura de rejeição. Muitos vivenciam a conversão de outras pessoas mas permanecem intocados em seus corações e não querem achegar-se a Jesus. Se uma única oração de confissão e arrependimento basta para levar-nos ao paraíso, é terrível quando uma pessoa passa a vida inteira protelando essa decisão e, freqüentemente, no final de sua vida, não consegue mais chegar ao Senhor.

O malfeitor salvo mostra-nos que mesmo no final da vida a misericórdia e a graça podem nos alcançar. O malfeitor perdido, porém, exemplifica de maneira muito vívida que não devemos deixar o arrependimento para mais tarde, porque então pode ser tarde demais.

Ouvi a história de um evangelista que foi procurado por uma mulher de 75 anos de idade que desejava ser aconselhada espiritualmente. Eles procuraram um lugar sossegado para conversar, e a mulher contou que aos 25 anos de idade havia engravidado contra sua vontade. Como isso representava uma vergonha muito grande para toda a família, ela não contou nada a ninguém e emigrou para o norte, para bem longe de sua parentela. Lá ela deu à luz ao seu filho e matou-o. Ninguém desconfiou de nada, mas ela carregou em seu íntimo esse fardo insuportável por 50 anos. Ela e o evangelista ajoelharam-se e essa mulher sofrida reconheceu seu pecado diante de Deus e pediu perdão ao Senhor Jesus. Como uma nova pessoa ela ergueu-se dos seus joelhos. O evangelista perguntou à mulher por que ela não tinha se chegado antes a Jesus, ao invés de viver durante 50 anos com a consciência pesada, pois ninguém precisa carregar um fardo quando há alguém que se oferece para carregá-lo. O pecado é terrível, mas o mais terrível é levá-lo para a eternidade!

Se hoje você sabe, no fundo de seu coração, que precisa de Jesus, então decida-se agora por Ele. Não espere mais nem um momento! Se hoje Deus lhe oferece a oportunidade de perdoar todos os seus pecados, então seria uma tolice não aceitar essa oferta!

Discípulos em Oculto?

Discípulos em Oculto?


“Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, ainda que ocultamente… E também Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus à noite…” (João 19:38a;39a).

É um tanto intrigante a colocação que o evangelista João faz acerca de Arimatéia e Nicodemos. Esses dois homens tinham grande influência na época e não assumiram sua apreciação por Jesus.

Acompanhavam o ministério de Cristo, presenciaram curas, ouviram seus ensinamentos, mas à surdina, na penumbra. Não tinham coragem de se expor e serem chamados de discípulos de um filho de carpinteiro da Galiléia que saia por aí dizendo que era O Filho de Deus!

Acho bastante interessante como essa situação se aplica a uma multidão de “Arimatéias” e “Nicodemos” que conseguem manter duas identidades, dois linguajares, dois disfarces. À semelhança desses dois homens piedosos, e aqui não quero comentar e nem julgar a atitude de serem discípulos em oculto, mas apenas aproveitar a inspiração do texto para fazer uma comparação com os dias de hoje, muitos se dizem discípulos de Jesus, mas sem dar qualquer evidência àqueles que estão ao seu redor.



A questão é: como pode a luz não iluminar? Como pode o sal não salgar? É um tanto paradoxal afirmar que somos discípulos, mas ao mesmo tempo mantermos uma postura tão alheia a essa questão, que não fazemos qualquer diferença. Jesus disse que se o sal se tornar insípido, para nada mais presta a não ser para ser lançado fora e ser pisado pelos homens (Mateus 5.13). Muitos que se dizem discípulos de Jesus não têm capacidade de dar sabor e muito menos de iluminar, pois estes mesmos não passaram por uma experiência verdadeira.



Veja, Nicodemos, um homem respeitado e estudioso da lei, ou seja, um intelectual da época, versado em teologia, filosofia, línguas etc, foi até Jesus em certa ocasião à noite (João 3). Como é isso mesmo? De dia no meu trabalho eu “pinto o sete” e à noite eu coloco a bíblia debaixo do braço e assumo uma aparência religiosa? Aquele que está com sua vida sintonizada em Deus, procura fazer as suas obras em pleno dia: “Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras” (João 3:20), “porquanto vós todos sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite, nem das trevas” (1 Ts 5:5). Não estou me referindo a pessoas que dão duro o dia todo e que aproveitam a noite para irem à igreja, ou à célula etc, e muito menos aos nossos irmãos heróis nos países onde o Evangelho é ilegal e que, por amarem Jesus, sofrem represália por parte das autoridades. Refiro-me àqueles que não querem ser identificados como discípulos, aqueles que não querem ser vistos andando com Jesus quando tem a escolha de fazê-lo.



Arimatéia, diz a Bíblia, “esperava o reino de Deus” (Marcos 15.43), mas mesmo assim não tinha coragem de manifestá-lo. É triste que muitos queiram desfrutar o Reino, viver as bênçãos do Reino, assentar-se no Reino, mas não estão dispostos a assumirem suas identidades de cidadãos desse Reino. O verdadeiro discípulo de Jesus espera pelo Reino, mas também se coloca como canal para a manifestação dele nessa terra. A questão é que muitos esperam apenas um reino que será manifestado na vida pós-morte. Vivem uma vida desgraçada nessa terra à espera de um porvir que mudará tudo, enquanto poderiam viver uma vida plena de satisfação espiritual e cheia do Espírito e de gozo celeste. Vida eterna é a qualidade de vida que podemos desfrutar no hoje, afinal de contas no momento em que aceitamos a Jesus como Senhor e Salvador, já entramos na dimensão da plenitude da bênção de Cristo (Ef 1.3). Esperar o reino não é tudo. Essa atitude passiva não nos fará mudar de vida e muito menos a de outros ao nosso redor. Precisamos buscar e nos empenhar pela manifestação do Reino de Deus nessa terra e em nossa geração.



Um outro caso é o de Pedro, discípulo assumido de Jesus, mas que em um dado momento tenta esconder-se para não ser notado pelas pessoas. Não sei o que é mais triste, passar a vida servindo secretamente, ou andar ao lado de Jesus e negar o Seu nome. Por mais que Pedro quisesse se disfarçar, assentando-se à roda dos escarnecedores naquela fogueira, não havia como negar: “Você é um deles, porque o teu modo de falar o denuncia” (Mateus 26.73). É vergonhoso esconder-se e mais ainda negá-lo! Pessoas assim passam a vida seguindo Jesus de longe (Lucas 22.54), ou seja, estão sempre mantendo uma “distância de segurança” e sempre prontas a “saírem pela tangente” quando as coisas ficam apertadas. São discípulos por conveniência e que não estão dispostos a carregar a cruz.



Lembre das palavras de Jesus: “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte” (Mateus 5:13,14). Entendamos que no reino de Deus não existe a figura do “agente secreto de Cristo”, mas de luzes que brilham tão intensamente que é impossível esconder o seu fulgor. Não há como colocar sal na panela e a comida não ser temperada. Brilhar e salgar é algo tão natural ao verdadeiro discípulo, quanto uma semente de manda gerar uma mangueira, porque está dentro de nós essa essência!



Fujamos à mentalidade de “discípulos secretos” e busquemos anunciar ao mundo nosso amor pelo Senhor. Que sejamos esses apaixonados que não escondem sua devoção ao Senhor que deu Sua própria vida por nós. Que, a exemplo daqueles jovens na Babilônia, nossa vida seja tão discrepante do mundo que não haja como nos confundir com aqueles que se curvam diante do desse sistema.

Pastor Carlos Henrique na Formatura da AME-HERÓIS DA FÉ - Porto Alegre/RS

Milagres em Paripiranga/BA

Campanha de Milagres em Paripiranga/BA orando pelos enfermos

Pastor Carlos Henrique em Paripiranga/BA Campanha de Milagres